quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Para ler e refletir sobre sua modalidade aqui no Brasil....Seja ela qual for.

Bom dia galera...

Pois é, as vezes temos uns textos que merecem ser lidos, uma, duas quantas vezes forem necessárias, pois encaixamos diversas situações(nesse caso modalidades) e suas realidades.
Vale a pena conferir...



Por Marcos Malafaia:

"OS ABUTRES DO ESPORTE
O episódio mostra um lado do cenário esportivo brasileiro. Acordo num domingo e abro o jornal, como de costume. Numa bela reportagem de contracapa, vejo uma atleta paraolímpica da Canoagem Va’a (Canoa Polinésia), que acabara de conquistar sua segunda medalha num Mundial. Conheço profundamente o projeto de onde ela saiu. Mais do que isso, conheço o seu fundador, organizador, “carregador de piano”, o cara que, contra todas as lógicas, fez o projeto ser um sucesso. Como tantos outros exemplos idênticos em todo o país. 

O nome do projeto é Rio Va’a. O cara é o Nicolas, um francês radicado no Brasil, amante da natureza e principalmente das canoas do Taiti. 

Durante a longa reportagem, em nenhum momento o projeto é citado, muito menos seus apoiadores e o seu mentor e mantenedor, o Nicolas. O Nicolas, que várias vezes tirou dinheiro da sua família para comprar canoas, pagar passagens ou até o lanche de atletas como aquela menina, agora medalhista internacional. O jornalista não me parece ter culpa direta. 

É aquele jogo atual em que assessorias de imprensa com claro viés político divulgam somente o que é de interesse, sem qualquer preocupação com a informação precisa, a informação completa. Como jornalista, acho que anda faltando um pouco de profundidade, pesquisa, trabalho mesmo por parte dos repórteres, ainda mais nessas matérias de divulgação, mas esse é um outro problema...

Enfim, na reportagem aparecem sim algumas figuras que, num passe de mágica, após a medalha da menina no Mundial de Canoagem, dão declarações sobre o seu grandioso e bem sucedido “projeto de trabalho” para descobrir e lapidar talentos. Talento este que sequer conheciam há bem pouco tempo. Eles se aproveitam de que ainda há pouca informação disponível sobre este universo paraolímpico para levar vantagens pessoais. 
Essa é a lógica dos abutres. Que comem as sobras da caça, sem esforço. Uma perversa verdade do esporte nacional (principalmente o paraolímpico), em que incompetentes travestidos de dirigentes literalmente roubam o brilho alheio. Aparecem bonitinhos e engomadinhos na foto, pegando carona no talento de quem realmente realiza. De quem realmente faz as coisas acontecerem. E ainda ganham salário para isso, pagos quase invariavelmente com dinheiro público. 

Nicolas, sei que deve ser duro e que algumas lágrimas devem vir aos olhos quando você é obrigado a ver uma situação como essa. Mas te peço que não pare. Não desista de seu belo trabalho. Pessoas como você é que são a verdadeira razão do esporte. E, certamente, são felizes pelo resultado dos meninos e meninas, pela emoção que isso traz pra você todos os dias, não pelo que sai publicado em aspas de dirigentes. Pessoas como esses abutres têm prazo de validade. Dependem de suspeitos acordos, tenebrosas alianças, bajulações quase humilhantes e sequer podem dormir. Felicidade é algo que jamais vão conhecer. 

O prazer da vitória pra eles é difuso, confuso, irreal. Até porque, lá no fundo, por mais doentes que sejam, sabem direitinho que não são protagonistas de nada, nem da própria vida deles."

Espero que tenham feito uma boa leitura!

Grande abraço e até a proxima!


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